quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

o celebrar do encontro de nossas bocas-línguas


Chuva torrencial nos prados,
ruas e montanhas do Carnaval ventre Rio de Janeiro:
dormi cedo e acordei cedo
para ver uma mulher faminta subir pelas paredes e pelas cordilheiras:
a poesia tudo permite quando se é Garcia Lorca até o fim do mundo
dos que possuem o mundo que nunca acaba

Dezenas de luzes desenhadas pela chuva,
pela carta que escrevo sem palavras na película, na pele,
nas membranas do coração dos dançam e dos que podem aprender
a dançar a dança que Izadora Dantas forjou
no metal incandescente do tempo inesquecível

Estou entregue a existência, ao tema que pensares,
aos teus seios bem torneados,
aos tons da aquarela do grande orgasmo

Amor, de qualquer cidade, nação, raça, cor...
agora sou Walt Witman velejando no mar do negro mapa tuas costas
mãe do infinito grão de areia

Quebremos todos os relógios com os dedos das mãos e dos pés
para que nunca termine o celebrar do encontro de nossas bocas-línguas
criadoras de oceanos e céus e pastagens sonoras de tanto silencio


(edu planchêz)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O ANIMAL POÉTICO


Vidoeiro ou Teixo,

madeira que enverga mas não quebra,

usada pelos antigos guerreiros

para o construir de arcos...


Agora que sou flecha certeira,

pulso em tua direção,

em teu colar de brilhantes,

nos arrepios de teu pescoço,

nas canções de paz e guerra

geradas nas grinaldas da cama


E o escrever é um arco, transplante de órgãos,

beijo demolidor, pernas e ventres entrelaçados

O tesão que sinto é matéria muito forte mesmo,

desafia o poder de impacto de qualquer fêmea,

por isso meus versos são imbatíveis,

minhas canções avassaladoras,

minha presença na Terra, um marco


Esse é um poema de força,

de eletricidade avançada,

repleto de tufões e imperativos relâmpagos

Na real, quero que a Terra translade só para mim,

para os meus desejos coletivos

"Olhai os lirios do campo", foi o que sempre fiz,

minha maior segurança é não ter segurança alguma

Salto no escuro, pouco me importa se há luz,

plumagens para amortecer minha doce queda...

vivendo assim já penetrei em ti e em mim meio século,

poderosos dias e noites


Mestre, o animal poético, segue, resoluto,

pisando sobre seus próprios pés,

sob o raiar de cada ano girando no medo

e nas claridades do nada saber


(edu planchêz)

domingo, 25 de dezembro de 2011

CALDO DE ESTRELAS























Estou nesse agora no interior do estado de São Paulo,
mais precisamente, em São José dos Campos,
pátria do pintassilgo Cassiano Ricardo
e muitos outros irmãos e irmãs...


Mundialmente falando,
estou em casa, na casa de meus pais,
na casa do grande Rio
que me fez bodsatva da Terra peixe-poeta


Grande satisfação cá estar, piso no ninho,
nos ovos e nos gravetos que os acomodam,
sou um de desses ovos, um desses gravetos,
o lagarto pai e filho dos vindouros filhotes


Entro nas cameras da pirâmide construída por meus pais,
entro na cidade e no coração dos que nela habitam:
repito, estou em casa,
em meio a algo querido que me trouxe ao mundo dos homens,
ao mundo subjetivo e objetivo que arrasto e me arrasta


Dizer que um de meus pés é a ponta de um compaço,
é dizer que eu sou um dos construtores
desse planeta cadente de palavras


Irmãos e irmãs, desse tempo e de outros tempos
a planta de de nossos pés pisam às páginas do livro escrito por todos
que aqui pensam, pensaram e o pensarão


Por essa razão e muitas outras, tenho cá em meus braços a panela,
o caldeirão de barro e o fogo do bronze
para preparar o caldo de estrelas que nos manterão salteadores de montanhas
pelos quilometro de vidas que hão de vir e passar...
e certamente prover o mesmo movimento infinitas vezes


(edu planchêz)

sábado, 24 de dezembro de 2011

diante dos cantares de alguém















A Ponta Verde da manhã estende suas mãos de folhas
para os filhos do novíssimo mundo
caminharem na direção da estrela única
que aponta no círculo que se auto-desenhou
diante dos cantares de
alguém

Ouço o badalar das sementes dentro
do ventre do que mais amo
]E o que eu mais amo espalha suas petalas

Calor de muitos graus dentro do dezembro de hoje...

Me resta abrir as ventarolas,
as janelas da alma em busca de vento

e clamar pelas meninas de Aldebarã,

Gopis à trazerem em seus aventais
frutas geladas
e cascas de estrelas ex-amêndoas

(edu planchêz)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A lâmpada













A lâmpada que esteve a noite toda tagarelando
com meus olhos adormeceu antes deles se abrirem para o sol
e para as cascatas da ampla claridade

Verde é a casa que tenho nas capitais de meu corpo,
vetor das forças amáveis da engenharia galáctica
reinante em mim e em você de escorpião, libra...

Sem nenhum tema acordo para dormir
longe dos sapato e perto dos sapatos que me levarão
para os cendeiros do mundo

( edu planchêz)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pilares






"BEBÊ": essa genial canção de HERMETO me emociona,
é uma das canções que me mantém vivo,
vos garanto ser um dos pilares de minha simples existência.

Nossas vidas são mantidas por pilares: canções, livros, poemas, amores...

Alguns filmes também me são pilares, alicerces:
"A Dama do Lotação" do diretor Neville de Almeida, me mata,
me arremeça nas rachaduras do tempo e nunca mais deixo de ser menino,
sujeito devasso sagrado, bolinador implacável,
sorridente amante de tardes manhãs e noites

A aprendi a foder com Sônia Braga...quantas punhetas,
fui e sou visceralmente apaixonado por essa Dama do Lotação...
Nunca esquecerei a canção tema do filme de Caetano Veloso "Pecado Original",
choro ao ouví-la, desabo em prantos,
em lágrimas que inundam a Guanabara de meus amores

(edu planchêz)


sábado, 3 de dezembro de 2011


O PALCO É DEUS

Sou o poeta desse dia, você também o é









Alguns quero-quero saracuteiam
no terreno baldio
que fica na cara da minha janela,
janela de Edu Planchêz,
janela tua e de quem amá-la

Acabo de acordar,
meu sonho noturno
me levou à Nova York,
estava lá com algumas pessoas
que não consigo recorda,
tentando me comunicar
de alguma forma com elas,
pensando em morar lá
porque é moda
ou porque é top de linha:
não sei muito bem explicar,
foi apenas um dormitivo sonho,
e segundo pensares

de Bhagwan Shree Rajneesh,
sonho é sonho,
a própria palavra já diz

Acordo num Rio de Janeiro
carregado de sol,
de energia humana

Sábado prometedor
mergulhado no purpura dourado,
nas consciências
sublimes das plantinhas
que nascem nos cantinhos dos muros,
nas pedras repletas de olhos e bocas

Sou o poeta desse dia,
você também o é,
sigamos então,
aquela formiga

(edu planchêz)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O inseto da palavra que fabrica o perfume


Cubos de vidro e lã cabem com perfeição no orifício
teu e meu,
nas circulares capacidades de nossos corpos
largados na sarsa silenciosa,
nos carnavais dessas mãos
que já estiveram em tantas outra mãos,
e agora estão nos gemidos teus

O centro da claridade se alterna
entre a leveza de teus pés
e o vórtice de teu umbigo

Cavalos brancos
são teus braços nos meus

O inseto da palavra
que fabrica o perfume
consome tua amarela dália,
consome a begonia primitiva
e os crisântemos que hão de vir

(edu planchêz)