quarta-feira, 18 de abril de 2012

Três dias sem te ver



Três dias sem te ver,
um gato que corre por entre os charcos,

chapéu sem cabeça,
trovão sem faísca elétrica,

um homem louco que não sabe mais tocar sax,
violão sem cordas,
luas pequenas emergidas no porão

Três dias sem tuas mãos,
um bilhão de anos sem carnaval,

e a chuva que não para...
nenhum vento...
barcos estacionados nas falhas do mar


Três dias que não oro,
três dias e três noites...

que não ergo castelos de ouro em pó,
não sei para que lado olho,
para que seta aponto meus cabelos...

( edu planchêz)

dois dias sem te ter


Manhã de quarta-feira,
dois dias sem te ter, dois dias de vazio, buraco negro,
solidão de flor sem pássaro,
ninho sem ovos, cálice louco por vinho

Aonde você está, aonde estou?
Na cor âmbar da nossa juventude,
num país onde não há vermelhos tapetes
para você passar?

Dois dias sem te ver, dois passos sem chão,
olhos boiando na gelatina da noite,
o negro coração mergulhado numa jarra
cheia de vagalumes

Se eu grito teu nome,
é porque fiquei sem dormir e o sol está nascendo,
e minha vida pequena sente tua falta,
sente o vácuo do teu não...

Toda a riqueza do fundo dos mares,
nem mesmo as sedas da grande rainha,
os sapatos de Cinderela,
não são mais nobres que os cristais teus

( edu planchêz)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sarah Agnes




Sarah Agnes,
nasceste para mim, nasci pra você,

para remar nos moinhos
que giram nos versos de Miguel de Cervantes

Abro a janela azul, abro a janela vermelha,
abro uma fenda no tempo para tocar-te agora,
bem junto as cortinas que imagino protegerem teu sono

Contamos os grãos do café, contamos os bulbos do trigo,
as espigas que nos dão a palha
para fazermos nosso tapete e a cama

Sei que você me viu nascer, estavas ali,
no corpo de um anjo,
ao lado de minha mãe
recrutando as estrelas que serviriam de guias
para esse nosso abençoado encontro

Sarah Agnes,
me olho no espelho e vejo você,
vejo seus lábios untarem-se aos meus,
meus pés os teus

E eu te procurei em tantos corpos,
em tantas ruas e casas,
nas cenas dos melhores e piores filmes,
entre o dormir e o acordar

Minha mulher,
pedaço de mim mesmo,
inteira, completa,
onde eu me encontro
e renasço

( edu planchêz )

domingo, 19 de fevereiro de 2012

ela não pendura ferraduras












ela não pendurar ferraduras atras das portas,
não enrrosca pentelhos nos garfos,
jorros de porra nas gengivas...
pelo o azar vindo da bunda boca
da velhice que lhe disse que não deve fazer assim

quanta vida rasgada com unhas do obscurantismo

= edu planchez =

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

porra


quando um poeta usa a palavra porra num poema, ele esta querendo dizer porra mesmo, sempre quero escrever teu nome com a minha porra nos murais de teu utero, sou um caligrafo de nenhum respeito, filho de puta, irmão de macaco ... mas voces não precisam tirar as crianças da sala, nem apagar esses pretensos versos de porra de suas peles
= edu planchez=

domingo, 12 de fevereiro de 2012

quitutes da alma















( à você...)

Vou falar nesse instante sobre o gozo
que me habita nessa hora,
dos quadrados que emolduraram
meus pensares enquanto vou em centelhas
as cavidades tuas,
aos
roseirais que estão em seu ventre,
aos roseirais além do meu ventre,
do ventre das ostras,
do ventre da pérola,
do ventre comum a todos os seres

Eu tigre, você onça cobertas de manchas douradas,
coberta de leite e luz,
nossas explosões solares,

nossos braços de luas pingando
espalhados sobre os nossos próprios braços

Você ai perto das terras de Monteiro Lobato,
eu nos caminhos de Paulinho da Viola e Cartola,
você nos rincões de minas, eu nos meandros da cidade
do Carnaval supremo dos Moleques de Debret

Logo ali, está o mar,
e todo o pensamento dos que moram nele,

nos casulos dos mariscos,
nos magos olhos salgados dos peixes

que nascem no limo
e se transmutam para os altares de Aldebarã,

para as comportas das águas de orion

Perdido no céu,
absoluto no céu, teu filho,

teu homem à preparar o café
e os quitutes da alma


(edu planchêz)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

estou e estive para o sempre no voo dos cisnes

















Não desconfie de mim, sou digno,
estou e estive para o sempre no voo dos cisnes,
no bailado panorâmico do amor dos flamingos,
na pajelança das aranhas,
no vendaval estranho
das pegajosas patas das centopéias


O meu poemar sempre foi cheio de pernas,
apinhado de braços,
atolado de olhos multi focais,
de corações metálicos...

Cá pelos trópicos a vida é mais frutal,
mais rápida, menos mecânica,
solta, a rua aquatica do mundo

Meu veiculo pensante é leguminoso,
possível cipó,
serpente luminosa subindo por tuas pernas,
roda de vento aberta sobre os carvões das cidade

(edu planchêz)
=

o céu de teus cabelos


Chamam-me de apressado,
daquele que atropela o tempo,
mas a vida é hoje, não posso esperar o amanhã,
o dia que você resolver tirar a blusa e os chinelos,
a venda dos olhos e as mãos da boca...
eu estarei aqui coberto de flores e relâmpagos,
pronto despejar o néctar da existência linda
sobre o céu de teus cabelos

( edu planchêz)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

No céu de mim você é a estrela de sete mil pontas
















No céu de mim você é a estrela
de sete mil pontas,

a portal aberta, a janela da rua do infinito,
o jasmim e a dália, a ave que rege as cores

Branca é a minha pele,
a pele dos olhos que tenho apenas para te ver,
para tornar mais branca essa manhã

Não há diferença entre teus dedos e os meus,
nossos cabelos estendem seus fios pelos panos do vento
que cobrem e descobrem todas as nações

Da sonolenta neve, eu quero o brilho, o espelho,
o reflexo de teu rosto no meu peito e em meus braços

Eu quero tanto, enquanto sou nada,
fagulha, raíto da inebriante neblina
do amor que vem de ti

(edu planchêz)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

sementes de anjo
















Olhando a nutritiva lua cheia desse fevereiro ano,
me olhando entre chamas e sombras
O raio trovão dos meus sentimentos
se une aos teus sentimentos de amor imortal

Para que exista esse hoje muitas causas foram construídas
Para acontecer esse nosso encontro,
descemos ao reino dos pássaros
caminhando pelo vale das vermelhas rosas
mirando as correntes quentes geladas dos oceanos,
as inumeráveis nuvens que com o desejo de nossos olhos,
formamos rostos, animais, figuras sem definição...

Flor, por teus rios torno-me peixe, serpente encantada,
caracol, areias de prata, sementes de anjo

(edu planchêz)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

acho que teu cabelo é amarelo
















tal qual do tamanho de um circulo
formado por meu corpo e o teu corpo
é o circulo que abrange o reino das palavras
que possuem formas piramidais,
dias de luas cortadas, dias que viram a noite,
dias que viram os dias

mais que o lastro deixado pela lua
nas rabeiras do céu de fevereiro
dessa cidade mais que maravilhosa

acho que teu cabelo é amarelo
e as unhas dos dedos lindos de teus pés,
pintadas estão com fluxo do pulso do meu,
ar de todas as poesias,
dos amores que amam as marés florescentes

seguirei pelas margens do paraíba do sul
até ter-te sob tuas sedas,
sob os arpejos de teus lábios ao encontrar os meus,
seremos o céu e o céu,
a terra e a terra,
mãos e peitos desnudos

( edu planchêz)

domingo, 29 de janeiro de 2012

o campo dos girassóis, o roseiral que se perde no horizonte












Uma criança...
eu criança dolorida,
crescendo na pressão do existir,
do ter que mudar sob os holofotes
do que andei construindo

O mundo que está em mim trouxe-me até a essa rua,
a essa modesta casa,
a essa simples cama coberta com lençóis
nem limpos nem sujos

"Um homem verdadeiramente sábio,
não se abala diante dos oitos ventos"

Algo queimante traféga em meu estômago,
e vos digo que não se trata de literatura,
figura de linguagem, imagem, metáfora...

Mais um encouraçado,
mais uma guerra, batalha, desafio:
unido ao mágico, ao criativo, ao religioso...
pleno de confiança,
observo a outra margem do vasto oceano,
o campo dos girassóis,
o roseiral que se perde no horizonte

(edu planchêz)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

nascedouro das estrelas azuis douradas



Falando com a vida, falando com o falar,
esticado na cama sob o calor de janeiro,
sob a saudável tarefa de discutir com os dedos
onde colocar o barco e os remos

Sei que os continentes se preparam
para nos receberem repletos de música,
pois somos os mandarins da nova idade,
os que carregam nas galhas das costas o nascedouro
das estrelas azuis douradas

(edu planchêz)

Lição
















quando a física tempestade se manifesta
nos carvões do nostro esqueleto,
é chegar na morte ou perto dela,
captar sons nunca ouvidos,
estar nos poderes mântico rajados no que esta quebrado,
se revirar nas partículas desprendidas da camuflagem do ogro,
ter a carne entre os caninos do tigre,
se entranhar nos ossos das serpentes cravejadas de desenhos

falo sobre o que não se traduz pela relés linguagem,
é o que é sentido, cravado nos tendões,
viagem de múltiplas milhas no indecifrável sofrimento,
colisão estrondosa da alma em coágulos

(edu planchêz)

Prenda minha



21h37m

Não estou com a mínima vontade de escrever,
escrevo apenas para assoprar
das carrancas a solidão implacável,
o isolamento que lança enxurradas de vespas
enfurecidas em meus corpos elétricos,
sobre os lençóis do incognicível

05h15m

Desperto assim cedo para os que ainda não dormiram,
desperto com as alças da emblemática manhã esticando meus braços
com o sentimento das aves que migram
do gelo maciço ao gelatinoso fogo
dos incontáveis países da esfera sul

05h29h

Prenda minha, te chamo assim com muita convicção,
com uma saudade indescritível, chorando por te amar tanto,
por ver desenhado no "tempo da delicadeza" nossos corações
patamares de céus apinhados de astros-raios-de-esperança
rasgarem nossos peitos para no peito da Terra
traçarem nossas amadas artes

07h02m

Continuo pensando na minha Prenda, ela é única,
adorável, mulher linda, deusa que me deixa paralisado,
sem ar, ouvindo o canto do canário
que floresceu em Fernando Pessoa

10h05m...

(edu planchêz)

Além das alturas alçadas pelas águias
















Além das alturas alçadas pelas águias
está meu coração comum que é mais lindo ou tão lindo que o corpo
de qualquer atriz e modelo

(edu planchêz)

Diante das últimas notícias trazida pelas árvores
















Diante das últimas notícias trazida pelas árvores,

as batidas do meu coração
e as batidas do coração do centro mãe do universo:
os fetos das estrelas,
estão bem entranhados em nossas cabeças
ventre leitor de todas as notícias

O mais inspirado de todos os poetas da Terra nada no magma
das atuais solares explosões,
"te odeio e te amo ao mesmo tempo",
(palavras da dramática atriz Alice
que esteve em meus espelhos
porque muitas vezes sou um pequeno rubi
desprotegido por minhas próprias distrações)

Volto ao giro de meu sublime umbigo
e sei que não sou menor nem maior,
nada devo aos que se acham

Os que tudo sabem e os que nada sabem,
e os que pensam...
transladam em órbitas que não são minhas
e que são minhas por afinidade racial

(edu planchêz)

O Vento-Tempo













O vento daqui e o vento de além,
se interagem, interagem mundos,
seres, entidades terrenas e celestiais,
e coisas que não sei denominar...
flores e frutos, caules e raizes...

Eles-nós viemos das cratéras,
dos furos dos monolitos,
das caçambas recheadas de planetas,
será que você lembra?
Será que esqueci?

O vento que agora chamo de tempo
cravou e continua cravando seus dentes de histórias
em nossas carnes repletas do que nunca se esquece

Ele não era Rei, Rainha! Ele é Rei, Rainha! E continuará sendo,
e para todo o sempre há de estampar a linguagem de sua nação
nos tecidos dos que aqui estiveram,
estão e nos ainda por chegar

Há alguma lembrança? Algum porão? Algum navio? Céus?
Algum vulto do suposto distante rastejando em teus sentidos,
em meus sentidos: trazendo água,
luz de fogueira, panelas de argila,
rajadas de sangue, gritos de mulheres, choro de crianças,
cânticos intra-estelares-intra-uterinos cantarolados e dançados
para saudarem o Vento-Tempo

Quem de nós sabe o que aqui está à fazer?
Ves os pássaros que te visita a noite
para trazerem em seus bicos de marfim e cobre
as noticias do começo e do fim

Ves a dimensão dessa bola azul viajante que ora pisas,
num passado incalculável não passou de uma bola de fogo
que um dia conheceu a chuva,
que um dia acolheu o mar e sucessivamente
o que agora vemos e não vemos

(edu planchêz)

na árvore da união a dourada maçã














pouca ou nenhuma nuvem estampa a epiderme,
a coberta do corpo,
as engrenagens elásticas
sempre prontas ao movimento...
fiéis ao vosso passo,
ao estradar de meu eu guerreiro

naquele canto que sob o olhar

que tenho toma o formato de um caracol,
recosto um dos ombros
e permaneço inerte por um instante

meus amigos movem-se
no oxigenio da nova compreenção,
eu me movo com eles
e apanho na árvore da união a dourada maçã

(edu planchêz)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

tudo é Dragão arrastando as asas e a calda pelos céus


"A tartaruga mágica é um ser dotado de poderes extraordinários; pode viver do ar e não necessita de alimento material."


Se pouco vejo desse hoje, resume-se ao que ainda não compreendo,

ao que guardo em algum lado, em algum orgão,

nas ardidas mão minhas;

é pouco que sei, é o nada que ainda não aprendi

por falta ou excesso de tranquilidade


Chego o momento de juntar novamente as mãos

e cair de joelho na terra,

agradecer o aqui ainda estar,

os tesouros que possuo e não valoriso


Tudo é pequeno, tudo é Dragão arrastando as asas e a calda

pelos céus


(edu planchêz)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Salto alto






Tim Maia: 5h59m de segunda-feira-
Curicica-Jacarepaguá-Rio de Janeiro de meus amores-trans,
carnavais do sempre,
cruas cortinas que rasgo a essa altura da vida,
a essa altura

Recarrego o rebanho de serpentes com as conchas,
com a madrepérola do teu sorriso,
com os sonhos de Leila Diniz,
com carne viva de tua costas

Meu poema que não é meu nada procura,
se abastece de leite
no bico do teu peito,
nas lantejoulas de tuas íntimas peças

Quando falo de cinema,
falo de você e Greta Garbo,
de todas as divas do blue,
das vedetes divinais

(edu planchêz)

"eu me vi em você"







Um mamoeiro com três mamões bem amarelos
à beira da linha amarela
que liga a zona oeste da cidade ao centro
das multidões que se atropelam
no verbo que me disses:
"eu me vi em você"

Complexo algo dizer, complexo desalinhavar o bordado
que você e outras fizeram nos carretéis do meu cérebro,
melhor reconstruir com os sonhos a rosa montanhosa
que cá esteve com você e com quem mais não sei dizer

Eu me vi em você e me vejo na minha mãe
que há pouco partiu,
nos olhos sangrados da alma das fadas...

Esse poema não diz nada, ou diz o que não sei dizer,
ou o que não quero dizer
porque o turbilhão do que vivo,
se duvidar e é maior um bilhão vezes que esse planeta
e o sistema que ele pertence

Eu não pertenço a nenhum sistema
e tão pouco esqueço dos muitos beijos,
das muitas entranhas por mim exploradas,
das tuas entranhas, do teu leite derramado
sobre meu peito, inesquecível

(edu planchêz)

sábado, 7 de janeiro de 2012

sou Artaud enfurecido















Tenho unhas afiadas mesmo,
sou Artaud enfurecido

cuspindo demônios
armados com cajados
cheios de espinhos afiadíssímos


(edu planchêz)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

àcido (eu)










só vale se for visceral,
além do dentro e do fora,
além da sombra
e do vulcão estrelado

àcido (eu)
corroendo as torneiras

por onde sai a sombra
que edifica a cegueira


(edu planchêz)