segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O ANIMAL POÉTICO


Vidoeiro ou Teixo,

madeira que enverga mas não quebra,

usada pelos antigos guerreiros

para o construir de arcos...


Agora que sou flecha certeira,

pulso em tua direção,

em teu colar de brilhantes,

nos arrepios de teu pescoço,

nas canções de paz e guerra

geradas nas grinaldas da cama


E o escrever é um arco, transplante de órgãos,

beijo demolidor, pernas e ventres entrelaçados

O tesão que sinto é matéria muito forte mesmo,

desafia o poder de impacto de qualquer fêmea,

por isso meus versos são imbatíveis,

minhas canções avassaladoras,

minha presença na Terra, um marco


Esse é um poema de força,

de eletricidade avançada,

repleto de tufões e imperativos relâmpagos

Na real, quero que a Terra translade só para mim,

para os meus desejos coletivos

"Olhai os lirios do campo", foi o que sempre fiz,

minha maior segurança é não ter segurança alguma

Salto no escuro, pouco me importa se há luz,

plumagens para amortecer minha doce queda...

vivendo assim já penetrei em ti e em mim meio século,

poderosos dias e noites


Mestre, o animal poético, segue, resoluto,

pisando sobre seus próprios pés,

sob o raiar de cada ano girando no medo

e nas claridades do nada saber


(edu planchêz)

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