quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

o celebrar do encontro de nossas bocas-línguas


Chuva torrencial nos prados,
ruas e montanhas do Carnaval ventre Rio de Janeiro:
dormi cedo e acordei cedo
para ver uma mulher faminta subir pelas paredes e pelas cordilheiras:
a poesia tudo permite quando se é Garcia Lorca até o fim do mundo
dos que possuem o mundo que nunca acaba

Dezenas de luzes desenhadas pela chuva,
pela carta que escrevo sem palavras na película, na pele,
nas membranas do coração dos dançam e dos que podem aprender
a dançar a dança que Izadora Dantas forjou
no metal incandescente do tempo inesquecível

Estou entregue a existência, ao tema que pensares,
aos teus seios bem torneados,
aos tons da aquarela do grande orgasmo

Amor, de qualquer cidade, nação, raça, cor...
agora sou Walt Witman velejando no mar do negro mapa tuas costas
mãe do infinito grão de areia

Quebremos todos os relógios com os dedos das mãos e dos pés
para que nunca termine o celebrar do encontro de nossas bocas-línguas
criadoras de oceanos e céus e pastagens sonoras de tanto silencio


(edu planchêz)

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