domingo, 15 de janeiro de 2012

"eu me vi em você"







Um mamoeiro com três mamões bem amarelos
à beira da linha amarela
que liga a zona oeste da cidade ao centro
das multidões que se atropelam
no verbo que me disses:
"eu me vi em você"

Complexo algo dizer, complexo desalinhavar o bordado
que você e outras fizeram nos carretéis do meu cérebro,
melhor reconstruir com os sonhos a rosa montanhosa
que cá esteve com você e com quem mais não sei dizer

Eu me vi em você e me vejo na minha mãe
que há pouco partiu,
nos olhos sangrados da alma das fadas...

Esse poema não diz nada, ou diz o que não sei dizer,
ou o que não quero dizer
porque o turbilhão do que vivo,
se duvidar e é maior um bilhão vezes que esse planeta
e o sistema que ele pertence

Eu não pertenço a nenhum sistema
e tão pouco esqueço dos muitos beijos,
das muitas entranhas por mim exploradas,
das tuas entranhas, do teu leite derramado
sobre meu peito, inesquecível

(edu planchêz)

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